INICIAÇÃO - ROBERT AMADOU


INICIAÇÃO
Robert Amadou

A Iniciação se define como a passagem a uma outra-maneira de ver, de viver e de agir; a entrada em um outro-lugar real – real, mesmo, por excelência. Desta realidade, da eficácia da Iniciação, a Humanidade é testemunha desde suas origens.

Hoje todos concordamos sobre o fenómeno da Iniciação: trata-se de um conjunto de ritos e ensinamentos, um conjunto de símbolos que provoca uma modificação radical na posição religiosa e social do indivíduo. Trata-se de uma ‘mudança ontológica no regime existencial’. O Iniciado é um outro... Um convite a ser verdadeiramente eu... O Iniciado sabe que a verdadeira vida é do outro lado. Ele não foge, nem para frente, nem para trás. Ele se aprofunda.

O cenário da Iniciação é quase constante: as provas, uma morte, uma ressurreição. Ou ainda um novo nascimento.

O Iniciado é um outro. Ele passou da ignorância ao saber, à ciência. Mas, qual ciência? Qual saber? Primeiro, ele sabe que abandonou a ignorância. Diz-se que passou da natureza à cultura. Que seja. Mas foi para ser e para compreender a natureza e compreender que a compreende. Para penetrar em seu interior paralelamente à entrada em si-mesmo. No esoterismo de-si e no do mundo. Na raiz comum. A Iniciação é descoberta do sentido profundo, de um outro valor que não o sensível, de verdadeiro valor do sensível. É uma revelação sobre o sagrado, sobre a morte, sobre a sexualidade; sobre o mundo e sobre mim; sobre a sociedade; sobre minhas relações com os outros e com a natureza que é simplesmente um outro...

A Iniciação revela, ao mesmo tempo, a dimensão cósmica da existência humana e a dimensão interior do homem. O homem e o mundo são análogos – micro e macrocosmo. Pode-se também dizer microantropo e macroantropo. O homem está em harmonia com a Natureza porque, em imaginação, experimenta seus vínculos com ela. Tudo é mito; tudo é símbolo.

Robert Amadou

A LIVRE INICIAÇÃO - JEAN CHABOSEAU


A LIVRE INICIAÇÃO
Jean Chaboseau


O texto que se segue foi escrito pelo Amado Irmão Jean Chaboseau:

“Nosso lembrado Irmão Augustin Chaboseau ( co-fundador da primeira Ordem Martinista administrativamente organizada juntamente com Papus, e é importante salientar que Documentos da época de Papus atestam que Papus e Augustin Chaboseau iniciaram-se mutuamente, unindo as duas correntes de que eram depositários, para não deixar dúvida quanto à legitimidade das iniciações que portavam e que remontavam a Saint-Martin. ) escreveu algumas notas sobre o que chamou de sua “Iniciação” pela sua tia Amélia de Boisse-Montemart, que não deixam a menor dúvida a respeito, tratava-se unicamente da transmissão oral de um ensinamento par­ticular e de certas compressões das leis do universo e da vida espiritual, o que em nenhum caso pode-se considerar uma iniciação ritualística propriamente dita. As linhas que uniram Augustin Chaboseau, Papus e outros e que provém de Saint-Martin são, com efeito, linhas de afinidades espirituais...”

“É justamente neste ponto que aparece a profunda contradição existente, de um lado, entre o desejo de liberdade interior que deve desprender-se de todo formalismo para permitir à personalidade espiritual estabelecer-se e definir-se fora de toda classe de coletivida­des e, de outro lado, esta espécie de desmentido ao anterior que parecem aportar certos ocultistas dos fins do século XIX, ao criar suas associações, Ordens e Sociedades.”

“Existe uma qualidade de alma que caracteriza essencialmente o verdadeiro Martinista, é aquela afinidade entre espíritos unidos por um mesmo grau em suas possibili­dades de compreensão e adaptação, por um mesmo comportamento intelectual, pelas mesmas tendências, de tudo o qual se segue a constatação obrigatória de que o Martinismo está com­posto, exclusivamente, de seres isolados, solitários, que meditam no silêncio de seu gabinete, buscando sua própria iluminação.”

“Cada um destes seres tem o dever, uma vez que adquiriram o conhecimento das leis do equilíbrio, de transmitir a compreensão adquirida ao seu redor, a fim de que aqueles que forem chamados a compreender, participam daquilo que ele cria, por sua vida espiritual ou pela verdade que encerra. É aqui, então, que intervém a “missão de serviço” do Martinismo e é somente neste sentido que esta corrente espiritual especial encontra seu lugar na Tradição Ocidental.”

“É isto é tão verdadeiro que sempre se manteve nos diferentes Ramos Martinistas, o regime da Iniciação Livre, em forma paralela àquela que se conferia nas Lo­jas, como uma recordação daquela liberdade individual de que dispunha todo verdadeiro Martinista e que, em princípio, está por cima de toda “Obediência”.”

Em conseqüência, existe uma grande contradição entre o espírito digno e livre do nosso Venerável Mestre Saint-Martin, de seus sucessores, os “Superiores Incógnitos”. e a atitude de alguém que se sentiu o exclusivo depositário da Tradição do Filósofo Desconhecido, declarando-se possuidor da categoria de regulador supremo desta Iniciação e o único Martinista regular, excluindo a todos os que não o seguissem.

Ainda mais, devemos recordar que cada Filósofo Desconhecido ( também chamado de Livre Iniciador ) ou Presidente de Grupos ou Lojas Martinistas pode dar à sua coletividade a orientação espiritual que julgue mais conveni­ente, de acordo com sua consciência, conhecimento e experiência ( logicamente arcando com a responsabilidade de seus erros e enganos)

Jean Chaboseau, ex-Grão Mestre da Ordem Martinista Tra­dicional, continua afirmando:

“As distensões de toda espécie nada mais são do que a prova da ilegitimidade fundamental de toda Ordem Martinista oficializada.”

“Sinceramente desejo, em razão desta circunstância, que o Martinismo volte a ser o que sempre devia ter sido: uma simples associação de espíritos unidos pelas mesmas aspirações espirituais e guiados pelas mesmas investigações, sob a luz do Cristo... fora de toda e qualquer preocupação de Ordem ou Obediência.”

“O Martinismo é essencialmente Cristão. Não se pode conceber um Martinista que não seja um fiel discípulo de Jesus Cristo ( Yeschouá) , o Salvador e Reconciliador, Encarnação do Verbo!” ( É importante esclarecer que o conceito Martinista de Jesus, o Cristo, está mais próximo ao gnosticismo e a corrente Joanita Rosacruciana ou Cristia­nismo Esotérico da Igreja de João ). “Porém, parece que um grande número de Martinistas não esteve, ou não está compenetrado deste espírito perfeitamente universal na mais ampla significação do termo. Desejando singularizar-se, particularizar-se, desejando presidências, Grão-Mestrados, títulos, graus e honras, em nome de um Filósofo no qual a modéstia e a sensibilidade eram proverbiais, parecem ter esquecido um dos primeiros princípios ou precei­tos cristãos... “

Sabemos que os Grupos e Lojas Martinistas para seu bom funcionamento, de­vem ter sua diretoria, oficialidade, regulamentos, etc... Mas essa estrutura deve permanecer sempre enquadrada dentro dos limites essenciais e genuínos ao espírito do que chamamos Martinismo. Ele está em contradição com as vaidades, ambições, ansiedade em escalar graus, colecionar títulos e dignidades iniciáticas; são atitudes que revelam falta de maturidade espiri­tual.

O verdadeiro Martinista é um ser silencioso, humilde, tolerante e compreensivo.

Vale lembrar que nosso Venerável Mestre Saint Martin nunca foi “Martinista” pois o Martinismo nasceu de seus seguidores que foram iniciados pelo Filósofo Desconhecido no sistema de Iniciações diretas nos chamados “círculos de Íntimos” , portanto , mesmo os mais exaltados defensores do Martinismo administrativamente organizado em Ordens formais, teve invariavelmente sua corrente iniciática proveniente de um grupo independente.

Se o Martinismo pode ser praticado com sucesso em organizações independentes no passado porque não o pode hoje?

As Ordens oficialmente organizadas são a mais importante forma de trabalho Martinista, são muito mais efetivas, abrangentes, seguras e certamente tem os melhores resultados, mas nós devemos reconhecer e respeitar aqueles que escolheram um caminho diferente e mesmo assim continuam sendo nossos Amados Irmãos e agentes do Invisível.

DISCURSO DE INICIAÇÃO AO S.I. - TRECHO






DISCURSO DE INICIAÇÃO AO S.I.
Stanislas de Guaita

"(...) Nós te oferecemos o começo, e aqui termina o papel de teus Iniciadores. Se tu, por ti mesmo, chegares à compreensão dos Arcanos,, merecerás o título de Adepto. Deves, entretanto, saber que seria inútil que os mais sábios mestres te revelassem as supremas fórmulas da ciência e do poder mágico; a Verdade Oculta não se deixaria transmitir em um discurso: cada um deve invoca-la, cria-la e desenvolve-la em si.

"Tu és Iniciatus: aquele que outros colocaram na senda. Esforça-te para tornaste-te Adeptus: aquele que conquistou a Ciência por si próprio- em suma, o filho de suas obras (...).

" Se tu queres tornar-te um Adepto impõe ao Eu o mais religioso silêncio para que ele seja escutado; e, então, mergulhando no mais profundo de tua inteligência, escuta a voz do Universal, o Impessoal, Aquele que os Gnósticos chamavam de Abismo." 

~ Stanislas de Guaita

O ORIENTADOR ESPIRITUAL DA ORDEM MARTINISTA




O ORIENTADOR ESPIRITUAL DA ORDEM MARTINISTA
Hermanubis Martinista

Um dos grandes objetivos do Hermanubis Martinista e seus membros é o de trazer a público os textos, os documentos, e principalmente a literatura Martinista que por um motivo ou outro tenha se perdido no tempo ou que seja de domínio público porém pouco divulgado.

Nós dedicamos os últimos meses a uma pesquisa bastante profunda e ampla para trazer aos estudantes a história e as lições daquele que foi o Grande Orientador Espiritual de Papus e consequentemente da Ordem Martinista fundada por ele, estamos nos referindo ao nosso Amado Irmão Mestre Philippe de Lyon.

Para este novo e inédito livro (Mestre Philippe de Lyon – O Orientador Espiritual da Ordem Martinista – Edições Hermanubis) pesquisamos em toda a literatura disponível, os feitos fantásticos, as curas, os ensinamentos, a influencia dele no Martinismo Russo, enfim, toda a influência que Mestre Philippe teve no Martinismo Contemporâneo. Conseguimos reunir em um único volume histórias surpreendentes, lições de vida, ensinamentos profundos, conseguimos até mesmo resgatar de alguns manuscritos escritos por Papus, uma série de discursos proferidos pelo Mestre, documentos estes confiscados pelos Nazistas e resgatados pelo Amado Irmão Philippe Encause, filho de Papus.

Deste novo trabalho, estamos disponibilizando aos internautas, alguns trechos importantes:

... Além de suas curas milagrosas, as predições que efetuava e o conhecimento do passado das pessoas ficou marcado na memória de todos aqueles que o cercavam. Um dia, viajando em um compartimento de um trem, juntamente com um amigo e um bispo, foi desafiado por este último a contar-lhe algo de seu passado ou de sua família.

"Pois bem, disse-lhe o Mestre, vou satisfazer sua curiosidade: há alguns anos, um membro de sua família apareceu enforcado junto à janela e todos acreditaram em suicídio. Seu parente foi assassinado primeiro e depois dependurado para simular o suicídio". O bispo, surpreso, concordou que era verdade, mas se julgava o único depositário daquele segredo de sua família".

Logicamente este tipo de acontecimento o tornou inimigo da igreja, mesmo sendo ele um católico praticante.

Um dia ele negou-se a curar um paralítico. Admirado, Haehl perguntou-lhe porque não curava se tinha poderes para tal. "Acontece que é a segunda existência que esse infeliz está neste estado, mendigando, pois não quer trabalhar”.

Em uma das reuniões um homem arrogante dizia em alta voz que era preciso ser um idiota para acreditar no que Philippe dizia e fazia. Mais tarde, o Mestre chamou-lhe em uma sala contígua e perguntou-lhe porque motivo em tal lugar, em tal hora, tinha estrangulado esta mulher (mostrando-lhe a cena), eu estava a teu lado, disse-lhe. O homem caiu de joelhos pedindo-lhe perdão, e rogando-lhe que não entregasse à polícia. " Satisfaço teu desejo se mudares de vida e se seguires tua religião de nascimento", disse-lhe Philippe. "Se eu seguir minha religião, terei de confessar-me", replicou o assassino. "Não precisa, respondeu-lhe o Mestre, tu já te confessaste a mim e isto basta ". O homem foi embora chorando.

Um dia, em uma das sessões, um camponês saiu precipitadamente de seu lugar e sacudiu violentamente a maçaneta da porta. Mestre Philippe perguntou-lhe se ele queria demolir a casa . "Não senhor, disse humildemente o camponês, eu apenas quero ir imediatamente ao banheiro" . "Então, diga apenas à porta que se abra e ela abrir-se-á". "Porta, abre-te, gritou o camponês ". Imediatamente, os enormes batentes da porta se abriram. Os presentes olharam quem poderia ter aberto a porta. O corredor e a escada estavam vazios. A admiração foi geral e alguns riram, face ao poder do Mestre e a grande fé do humilde camponês.

Certa vez alguém desafiou o Mestre, dizendo-lhe que era capaz de realizar prodígios com sua baqueta. Encontrando-se os dois nos arredores de Arbresle, na propriedade de Philippe, este tomou uma pedra e após marcá-la com um sinal e ter vendado os olhos do desafiante, jogou-a longe e mandou que ele a encontrasse. Isso foi feito em poucos instantes.

"Agora, disse-lhe Philippe, é a minha vez de fazer alguma coisa. Estás vendo que não há nenhuma nuvem no céu e ninguém prevê mau tempo. Pois bem, eu desejo que dentro de 15 minutos caia uma forte chuva sobre toda vila de Arbresle, assim como sobre esta propriedade, e que nenhuma gota de água nos atinja no terraço em que estamos".

Dito e feito. O homem da baqueta desapareceu da vida do Mestre tão logo a chuva passou, alias Mestre Philippe tinha fama de controlar os eventos atmosféricos.

Fatos extraordinários foram contados pelo próprio Mestre: "Certa vez compareceu a reunião um policial alto, louro, mas à paisana. No momento em que roguei a todos que se levantassem, ele permaneceu sentado, com o chapéu sobre a cabeça; enrolou um cigarro e começou a fumar. No mesmo instante, eu vi um anjo que atravessava o teto da sala e que, vindo a ele, marcou-o sobre o Livro da Morte. Três dias após o homem estava morto".

Mestre Philippe curava os males mais inverossímeis e o efeito se produzia instantaneamente, as testemunhas ficavam estarrecidas, ele dizia sempre que não era ele quem agia, mas o Céu, ou seu amigo , a quem podia pedir tudo.

Já na intimidade ele era outro, na presença de um amigo que sentia estar mais próximo dele, entregava-se mais numa calma quase perfeita, que inundava o ambiente.

Certa feita, contou Philippe a seus discípulos, “ o comissário especial das delegações judiciárias, que eu conhecia, pediu-me que desse a um de seus amigos de passagem uma sessão especial, e que eu convidasse apenas gente fina pois seu amigo era pessoa importante. No dia combinado, ele veio com seu secretário e mais duas pessoas, que eram policiais. Na frente da casa havia um contingente de policiais. Eu fui advertido para não realizar nenhuma experiência. Tendo acabado a sessão, o comissário ordenou-me que fechasse a porta, pois tinha ordens de revistar a casa. Ele tomou o nome dos presentes e levou alguns papéis".

Ao mesmo tempo era feita uma revista na casa de vários seguidores do Mestre , onde forçaram as janelas e portas. À noite, disse a Papus, eu tinha decidido punir esse homem. Ele me foi trazido em corpo e em espírito e alguém colocou uma espada em sua mão. Na última hora Mestre Philippe desistiu da punição, isso não valia a pena. Ele próprio caiu de joelhos e orou pelo policial.

Alguém, um dia, lhe perguntou porque tanto trabalho e porque dizia coisas tão belas para auditórios tão medíocres. "Acontece, disse-lhe Philippe, que tudo o que digo e se faz aqui, repercute-se em todo o Universo". Não é este um trabalho tipicamente Martinista? Dedicando tempo, estudo e esforço mental para contribuir para a evolução espiritual do Homem?

Mestre Philippe complementava ainda : "A maioria das pessoas que vêm aqui ficam marcados no Livro da Vida e, após terem recebido um raio de Luz todos ficam mais fortes".

Dizia também que Jesus pedia a seus ouvintes que não pecassem mais e que ele apenas recomendava a todos que procurassem tornar-se melhores a cada dia que passava; pois todo aquele que fica pelo menos alguns instantes com bons sentimentos, mergulhando seu espírito no bem, já se sente melhor. Querem viver bem, com saúde, merecendo a Graça Divina? Pois então não falem mal do seu próximo, costumava repetir o Mestre. Todos têm a obrigação moral de levantar seu próximo, não devendo, portanto, rebaixá-lo com maus pensamentos ou com palavras. Esses atos não só prejudicam o próximo, como se repercutem (choque em retorno) e voltam sobre aquele que os praticou.

Recomendava, também, que todo aquele que tivesse aberto processo contra seu próximo devia parar seu andamento, pois se não está de acordo neste mundo como poderá estar bem no outro?

Ele não curava ninguém que perseguisse seu semelhante. "Teu vizinho quer um pedaço de terreno, dizia ele, afirmando que lhe pertence? Pois dá-lhe! Toda a terra pertence a Deus e o homem aqui em baixo não passa de um ocupante provisório. Após à morte, nada levará. Os herdeiros que trabalham para conquistar o necessário para viver ou para enriquecer se desejarem. A riqueza, dizia, não é um mal em si, pois pode dar ocupação a outras pessoas. O que não se deve é guardar para si sem beneficiar o próximo, mas fazer circular. Não se deve, também, querer o dinheiro como um fim em si, mas como um meio de ajudar o próximo".

Ninguém conseguirá entrar no Paraíso sem ter vencido o inimigo que está no interior de cada um. Esse inimigo fica enfraquecido toda a vez que se pratica o bem ou que se perdoa ao próximo.

Essas pequenas exigências que o Mestre Philippe fazia a todos aqueles que solicitavam um favor (exigências pequenas, porém difíceis) eram conhecidas de muitos, como atesta a seguinte história:

Havia, em Lyon, um verdureiro que vendia a crédito para um grande número de pessoas. O bairro onde encontrava-se instalado era bastante populoso. Um dia ele veio desesperado atrás de Philippe pedindo-lhe que fosse ver seu filho que havia acabado de falecer, vítima da difteria. O Mestre disse-lhe que estaria em sua casa em pouco tempo.

Lá chegando, perguntou-lhe se muitas pessoas lhe deviam dinheiro. Sim disse o verdureiro, veja todas essas contas dos clientes nestes cadernos. Poucos são os que me têm pago.

- E tu exiges o pagamento de todas essas dívidas?

- Não e vou jogá-los agora mesmo no fogo.

O verdureiro jogou os cadernos na lareira, sendo logo devorados pelas chamas.

O Mestre entrou no quarto do morto, onde já se encontravam algumas pessoas. Perguntou-lhes Philippe se já haviam solicitado a algum médico o atestado de óbito. Diante da negativa, Philippe chamou o jovem pelo seu primeiro nome e o mesmo se levantou, então pediu a todos os presentes que nada revelassem do que viram, " porque é proibido fazer milagres".

Este é apenas um exemplo dos milagres documentados pelos seguidores e delatado pelos perseguidores, mas em todo caso, tanto um quanto outro registram a existência do fato em si....

... "A alma é a vida do espírito, o pão do espírito. Ela é uma centelha divina; devemos fazê-la crescer. É necessário que ela se torne um sol em nós. Nossa alma cresce quando progredimos no caminho do bem”

" Antes de descer na matéria, as almas estavam no paraíso e no estado de inocência e, por conseguinte, no estado de não-conhecimento. Elas brincavam como crianças ou como anjos e degustavam os frutos do Paraíso. Deus as fez degustar o bem e o mal, enviando-as no mal sob a influência dos demônios, no egoísmo, para aí crescer na provação e na dor, ao longo dos caminhos impostos. Se o homem não houvesse caído não conheceria nada. Caindo e depois se elevando ele ficará acima dos anjos”

" Quando Deus lançou as almas na matéria, Ele deu a cada uma delas um caminho a percorrer, dizendo-lhes: "Eis o caminho que deveis seguir: desbastai-o e tornai-o livre, pois o Senhor por aí deverá passar". Se soubéssemos o significado dessas parábolas, nos sentiríamos possuídos por um imenso orgulho. Tal caminho está cercado, a cada passo, por inúmeras provas impostas por Deus às almas. Essas provas diferem segundo os caminhos”

"A cada dia que passa, a alma aproxima-se de Deus; e quando ela estiver pronta, aparecerá diante Dele. É preciso que para isso ela seja mais brilhante que o sol; de outro modo, ela não poderia resistir. É por isso que é necessário sofrer. Somente o sofrimento pode enobrecer a alma; é o único modo de avançar. Nossa alma é julgada segundo o mal que fez, pois tudo o que fizermos de mal deve ser reparado. Devemos pagar nossas dívidas, porque uma dívida contraída no mundo não pode apagar-se a não ser neste mundo. Tudo o que está ligado neste mundo não pode desligar-se no outro”

" Suportemos, pois, nossas provações com calma e resignação, mesmo quando não soubermos por que sofremos. Deus é justo e infinitamente bom. Ele não pode enganar-se. Se ele nos envia provações é porque merecemos. Não conhecemos o passado e, por isso, não sabemos porque sofremos. Talvez tenhamos feito muito mal nesta existência. Porém, como nossa alma existe há muitíssimo tempo, ela pode ter praticado muito mal e esse mal deverá ser resgatado. Não conhecemos o passado, porque, se Deus nos permitisse esse conhecimento, teríamos medo. É por isso que sofremos sem saber por quê. Mais tarde, quando conseguirmos ver no passado, saberemos de onde provém nossas provações.

‘Para que o homem consiga pagar todas as suas dívidas, é necessário inúmeras encarnações. A alma é bem mais velha do que o corpo; a ressurreição é pela reencarnação. É dito que o neto pagará as dívidas do avô. Muitas vezes o avô encarna na própria família, tornando-se descendente dele próprio. Não conhecemos nossas existências anteriores para o nosso próprio bem, pois conhecendo evitaríamos certos acontecimentos que nos surgem para nossa própria evolução”

~ Mestre Philippe de Lyon

PARA SER UM VERDADEIRO MARTINISTA


PARA SER UM VERDADEIRO MARTINISTA

Nosso Muito lembrado e Amado Irmão Dr. Gérard Encausse (Papus), traçou a síntese dos princípios fundamentais do Martinismo, para entregá-la à meditação dos Homens de De­sejo que aspiram à Iniciação Martinista. Ainda Hoje constituem a doutrina fundamental da Ordem:

1º) - Escolher sempre um local onde a oração se pratique, qualquer que seja o culto.

2º) - Recordar que nem sempre os Verdadeiros Mestres são excessivamente aficio­nados aos livros e que colocam a sensibilidade e a humildade acima de toda ciência. Desconfiar dos Pontífices e dos homens que se dizem perfeitos.

3º) - Não alienar jamais a liberdade por um juramento que a prenda, provenha ele do clero ou de uma sociedade secreta; só Deus tem direito a receber um juramento de obedi­ência passiva.

4º) - Recordar que todo poder invisível vem do Cristo, Deus encarnado através de todos os planos. No invisível, não ficar jamais em relação com um ser astral ou espiritual que não reconheça desta maneira Cristo. Não buscar a obtenção de “poderes”, mas aguardar que o Céu decida se sois dignos deles.

5º) - Não julgar as ações dos outros e não condenar o próximo. Todo espiritualista, em razão das provas que a vida vai colocando em seu caminho por causa dos sofrimentos que deve enfrentar ou em virtude de sua filosofia, seja cristão, israelita, muçulmano, budista ou livre pensador e, em geral todo ser humano, conta com as faculdades necessárias para evoluir ao Plano Divino. Julgar é próprio do Pai e não dos homens...

6º) - Ter a certeza de que o ser humano jamais é abandonado pelo Alto, mesmo em seus momentos de negação e de dúvida. Lembrar que nos encontramos no plano físico com a finalidade de servir os demais e não para satisfazer nossos próprios fins egoístas.

7º) - Recordar que a purificação física, recorrendo a um regime especial, constitui uma atitude infantil se não se apoiar na purificação astral, na caridade, no silêncio, na purifica­ção espiritual e no esforço perseverante de não pensar nem falar mal do próximo. Saber muito bem que a Oração, que proporciona Paz ao Coração, é preferível a toda magia que so­mente traz orgulho.

O homem deve optar entre dois mestres. Deixando de lado o príncipe deste mundo, o Martinismo elegeu e quis consagrar-se a Cristo, por cima de toda classe de clere­zias. É como uma Cavalaria Laica do Homem-Deus. Sua finalidade: desenvolver, em quem vem à Ordem Martinista, o coração e os sentimentos para que aprenda a amar. São seus meios de ação: a pobreza , o silêncio , a paciência , a Fé .

O Deus em que crêem os Martinistas é o Senhor dos Tempos. Os que quiserem ver, verão. Os que chamarem poderão entrar. O Martinismo abre suas portas a todos os ho­mens e mulheres de boa vontade. E ... como presente de boas vindas, lhes dá o que há de mais precioso em meio dos tormentos, dos infortúnios e das desgraças: A PAZ DO CORAÇÃO! 

O MARTINISMO RUSSO


O MARTINISMO RUSSO
Pelo Amado irmão Ahmad

fonte 
"O Martinismo Tradicional. História - Doutrina - Teurgia" 
de Jorge Francisco Ferro

A cadeia dos Superiores Incógnitos na Rússia se remonta à transmissão efetuada pelo próprio Saint-Martin ao mais seleto círculo de seus discípulos reunidos na "Sociedade dos Íntimos" ou dos "Sábios Incógnitos" entre os quais se contavam vários membros da alta aristocracia russa. Assim, foram iniciados por Saint-Martin em pessoa: o príncipe Simeon Worontzor, embaixador russo em Londres; o príncipe Alexis Barisowitz Galitzin, iniciado em 1780 na Suíça; o príncipe Alexander Barisowitz Kurakin e os Condes Norkov e Vasily Nikolaievich Zinoviev; o Professor Universitário Ivan G. Schwartz.

Da última década do século XVIII até a Revolução Comunista de 1917 a cadeia dos S.'.I.'. na Rússia foi composta por membros da família real, sábios, aristocratas, membros do alto clero ortodoxo, escritores, militantes, artistas etc. Entre muitos outros podemos mencionar o príncipe Tcherkasky, o brigadeiro Tchukow, o doutor Bagrinasky, o Conde Alexei Kirilovich Razumovsky, o Barão Scherender etc.

O Irmão Alexander Feodorivich Lebzin foi iniciado em uma das Lojas Martinistas da cadeia de Novikov. Em 1800 foi fundador e Venerável Mestre da Loja "A Esfinge Morrente" (Umiraiuchtch Sfinska) de São Petesburgo. Desta Loja-Mãe emanou, também, sob sua direção outra Loja que praticava o chamado grau "Teoricus" (Teoretichekiai Sobraniaia) dos Rosa+Cruzes alemães, a qual durou desde sua fundação até 1820, aproximadamente. Essa Loja deu origem, por sua vez, às chamadas "Uniões Martinistas" (Martinistkia Shodbchtcha).

A partir de 1910, aproximadamente, começaram a se constituir Lojas de S.'.I.'. tais como a "Leo Ardens" e "São João" em Moscou; "Estrela Nórdica" e "Apolo" em São Petesburgo, além das que existiam naquela cidade; "Santo André" em Kiev; "Delphinus" em Tífflis; "Cruz e Estrelas" ou de "São Vladimir" em Tsarskoie-Sélo no mesmo Palácio Imperial, sendo que seu Grão-Mestre era o Czar Nicolau II. Segundo alguns relatos certo dia na Loja "Cruz e Estrelas", o Czar Alessandro II anunciou à assembléia que "de agora em diante a Irmã e o Irmão Romanoff não poderão assistir mais às reuniões...".

Todos os presentes compreenderam imediatamente que se tratava de uma exigência imposta por Gregory Rasputin, zeloso da influência de Papus e seu "Martinismo" sobre a família real, devido à cura do Czarevich. Como se sabe Papus foi visitar a família imperial russa, onde teve um confronto com Rasputin. Essa foi uma batalha mágica célebre. Papus voltou à França e, mais uma vez, retornou à Rússia, só que dessa vez trouxe consigo Mestre Philippe de Lyon ( Nota Hermanubis – veja a história da vida do Mestre Philippe de Lyon na sessão Biografias do site). Rasputín, dessa vez, levou a pior. Nessa ocasião o Czarevich foi curado por Mestre AMO.

Papus foi à Rússia nos anos de 1901, 1905 e 1906, pois encontrou o ramo da "Sociedade dos Íntimos" constituída por Saint Martin naquele país incólume, o que não havia acontecido na França. 
Papus foi reiniciado na tradição de Saint-Martin pelos russos. Nesse meio tempo estabeleceu algumas lojas do recém "Martinismo" criado por ele, o que causou uma desconfiança imediata dos S.'.I.'. russos, que consideravam sua "Ordem" apócrifa e espúria.

Até a revolução de 1917 a cadeia dos S.'.I.'. russos estava organizada em três grupos principais: 
1) O Soberano Capítulo "São João Apóstolo" com sede em Moscou, dirigido pelo Fil.'.Desc.'. Piotr Kasnatcheff, hermetista e alquimista, herdeiro da chamada "tradição Novikov" dos S.'.I.'. moscovitas. Possuía o grau de Teoricus dos Rosa+Cruzes de Ouro alemães.

2) O Soberano Capítulo "Apolônio de Tiana" de São Petesburgo, dirigido pelo Fil.'.Des.'. Gregory Otthovich von Mebes, nascido na Suécia e radicado e naturalizado Russo. Este reiniciou a Papus na tradição dos S.'.I.'., sendo que também estabeleceu um grupo Martinista da recém Ordem criada por Papus.

3) O Soberano Capítulo "Santo André Apostólo", dirigido pelo Fil.'.Desc.'. Sergei Marcotun.

Desde a revolução Comunista de 1917 até o ano de 1926 a cadeia dos S.'.I.'. russos foi ignorada. Em 1903 o Irmão Alexander Feodorivich Labzin, S.'.I.'. e Fil.'.Desc.'. propôs o seguinte: "Enquanto a atmosfera da Rússia não seja purificada do absolutismo, as sociedades secretas esotéricas não deverão se manifestar à luz pública, mas continuarão trabalhando sob o véu do segredo a fim de que os Irmãos não tenham que sofrer, no caso de que se desencadeiem novas perseguições.". Fiéis às propostas de Labzin os S.'.I.'. continuaram seus trabalhos, reunindo-se secretamente em grupos pequenos, nos castelos, no campo e nas residências de alguns membros. Desta forma não foram afetados por novas perseguições.

Desafortunadamente em 1926 o Irmão Boris Astromov rompeu essa prática de silêncio e apresentou a Stálin uma solicitação para legalizar a cadeia da "Sociedade dos Íntimos", aos Rosa+Cruzes russos da Fama Fraternitatis e a outras organizações Iniciáticas. O resultado, como se esperava, foi catastrófico: as Lojas Martinistas e Rosa+Cruzes foram imediatamente fechadas pela Polícia Secreta e seus membros presos. A primeira vítima fatal foi o próprio Astromov e mais trinta Irmãos Martinistas e Rosa+Cruzes. Todos foram submetidos a processo secreto nos tribunais políticos, sem direito a defesa e todos foram condenados de acordo com o artigo 58 do Código Bolchevique: "Por pertencer a organizações burguesas contra revolucionárias". Muitos foram condenados à morte, outros ao campo de concentração

Novamente a Polícia Secreta fez uma investigação e em 1930 detectou novas atividades Martinistas. Desta vez a repressão foi muito mais forte e drástica. Muitos foram fuzilados sem nenhum julgamento. Os que foram levados a julgamento foram condenados a prisão perpétua nos campos de concentração. 
Dessa infelicidade houve o caso de uma Irmã, chamada Mariana Pürgoldt, de apenas 27 anos, que faleceu em um campo de concentração, logo após de ter sido presa, por inanição.

Depois de 1930 o trabalho Martinista na Rússia não cessou, apesar das perseguições e a cadeia tradicional foi preservada, ainda que a modalidade operativa havia sofrido grandes mudanças, pois foi reduzida a Irmãos solitários ou a pequenos grupos sem conexão entre si.

Por sua parte o Irmão Sergei Marcotun, que foi membro do governo da Ucrânia até 1917 e tratou, por todos os meios, de manter a seu país fora da Revolução Comunista. O Soberano Capítulo "Santo André Apóstolo" continuou trabalhando até 1920. Exilado na França reagrupou alguns Irmãos de origem ucraniana e russa que haviam fugido da perseguição e fundou o Capítulo "Renascimento" com Carta Patente datada de 22 de dezembro de 1920 dada por Jean Bricaud, Grão-Mestre de uma das tantas "Ordens Martinistas" em que se dividiu a originária depois da morte de Papus. Posteriormente o nome foi mudado para Capítulo "Santo André Apóstolo nº 2". Na Ata de fundação dessa Loja há uma série de importantes Martinistas da tradição Russa. O fundador desta Loja, Sergei Marcotun, publicou na França dois livros que contém parte das doutrinas dos S.'.I.'. russos, intitulados "A Via Iniciática", Paris, 1956 e "A Ciência Secreta dos Iniciados", Paris, 1928.

Durante a ocupação nazista da França, de 1940 a 1945, aproximadamente, o Soberano Capítulo "Santo André Apóstolo, nº 2" se reuniu regularmente. De 1945 a 1953 este Capítulo funcionou normalmente, mas neste último ano o Fil.'. Desc.'. Marcotun se retirou para a Espanha, sem nomear sucessor. Em 1969 autorizou a um Irmão do Soberano Capítulo "Santo André Apóstolo, nº 2" a reorganizá-lo em herança direta dos Soberanos Capítulos "Santo André Apóstolo, nº2" e "São João Apóstolo" de Moscou com uma Carta Patente emitida no mês de Julho. 

Fonte: Hermanubis

O Martinismo Imorredouro


O MARTINISMO IMMOREDOURO

Entre as fronteiras que constituem estas diferentes ordens o martinismo subsiste, eterno. Sua vocação é a de reunir os "homens de Desejo", isto é, homens de boa vontade com um "algo mais" espiritual. E nisto ele não mudou nada desde Jacob Boebme, os Rosacruzes e os Filósofos Desconhecidos, Dom Martinez de Pasqually, Louis-Claude de Saint-Martin, Papus e seus sucessores. Se os homens precisam de estruturas, estatutos, registros, a verdadeira espiritualidade os transcende.

O martinismo está muito próximo de uma tradição maçônica desde que, entre 1778 e 1782, um maçom lionês, chamado Jean-Baptiste Willermoz, discípulo de Martinez de Pasqually e amigo de Saint-Martin, cria um regime maçônico em ruptura completa com os costumes e usos da maçonaria de sua época, impregnada de espírito aristocrático, mais parecendo um clube mundano do com uma sociedade iniciática. Este regime maçônico, o Regime Escocês Retificado (RER), dispensa nos seus diversos graus escalonados um ensinamento próximo do martinismo puro. 

Nos seus rituais, como em suas instruções, encontramos conteúdos inteiros do pensamento martinista. A despeito das múltiplas turbulências, esta maçonaria continua existindo principalmente na França, na Suíça e na Itália (e mais recentemente no Brasil - NT).

Na França, algumas lojas deste rito são compostas basicamente por martinistas instruídos a chamada "Cavalaria Cristã", como dizia Papus ao apresentar o martinismo. Mas também poderíamos qualificar os martinistas como "servidores do conhecimento verdadeiro". 

"Utopistas de um mundo de amor e paz" , eis uma bela divisa para aqueles que querem trabalhar para o advento de uma sociedade mais justa e mais fraterna. Pois o papel do martinista é também servir de exemplo de cidadão, ele jamais será um eremita, mas viverá no meio da torrente com todos os outros homens, seus irmãos, para insuflar-lhes, pelo seu comportamento, sua amizade e sua compaixão O "Verdadeiro De desejo".

Extrato da Revista Francesa L Initiation. 

REGISTRO DE ENTERRO DE MARTINEZ DE PASQUALLY
























Em Português:

"Neste dia 21 setembro de 1774 foi sepultado no cemitério o corpo de Joachim Dom Martinès de Pascali Delatour escudeiro nativo da paróquia de Nossa Senhora (Notre Dame) da cidade e diocese de Grenoble com cerca de 48 anos, casado em Bordeaux com Srta.Colla em fé do qual eu assinei com o Sr. Collin e Sr. Driau,presentes ao dito funeral. Guerin, Driau, Lafaurie"
En Français:

"Cejourd'hui 21 septembre 1774 a été enterré dans le cimetière le corps de Joachim Dom Martinès de Pascali Delatour écuyer natif de la paroisse Notre Dame de la ville et diocèse de Grenoble âgé d'environ 48 ans, marié à Bordeaux avec mademoiselle Colla en foi de quoi j'ai signé avec monsieur Collin et mr Driau, présents audit enterrement. Guerin, Driau, Lafaurie"
In English:

“On this day September 21, 1774 was buried in the cemetery the body of Joachim Dom Martinès de Pascali Delatour squire native of the parish of Notre Dame of the city and diocese of Grenoble aged around 48, married at Bordeaux with Miss Colla. I have signed with Mr. Collin and Mr. Driau present auditfuneral. Guerin, Driau, Lafaurie”


Fonte: Anom Archives  pg.49


Processo de Regeneração





Purificai-vos, pedi, recebei e agi. 

Toda a Obra esta nesses quatros tempos:

Purificai-vos, Ecce Homo
Pedi, O Homem de Desejo
Recebei O Novo Homem
E Agi, O Ministério do Homem-Espírito

"O Processo de Regeneração segundo L.C.S.M" 

Bibliografia do Filósofo Desconhecido



Bibliografia do Filósofo Desconhecido 
Por um Servidor Incógnito

"Dos Erros e da Verdade" 
A tese desse livro é a de que pelo conhecimento de sua própria natureza o homem pode alcançar o conhecimento do seu Criador e de toda a criação, bem como as leis fundamentais do Universo, das quais encontra reflexo na lei feita pelo homem. Sob essa luz foi mostrada a importância do livre-arbítrio.

"Tábua Natural das relações que existem entre Deus, o Homem e a Natureza" 
O homem teria sido privado de suas aptidões e seus meios superiores por ter mergulhado na matéria tão profundamente que nisso perdeu a consciência de sua natureza original, que tinha antes da queda e que era um reflexo da imagem de Deus. Com essa queda o homem ter-se-ia afastado do quadro de seus próprios direitos e deixaria de ser um elo entre Deus e a natureza.

"O Homem de Desejo" 
Nessa obra vemos a influência da doutrina de Boehme. Essa obra lembra um dos salmos que exprime o ardor da alma para com Deus e deplora a alma do homem, seus erros e pecados, sua cegueira e sua ingratidão. Nessa obra, Saint-Martin viu a possibilidade de um retorno do homem a seu estado primitivo. Mas esse retorno só seria possível com o abandono da vida do pecado e seguindo os ensinamentos do Redentor Jesus Cristo, o Filho de Deus, que desceu das alturas de Seu trono celestial por amor a toda humanidade.

"Ecce Homo" 
Saint-Martin adverte para o perigo de buscar a excitação das emoções das experiências mágicas de baixo nível, das premonições, dos diversos fenômenos que não passam de expressões de estado psico-físicos anormais do ser humano.

"O Novo Homem" 
Nesse livro é tratado o pensamento como um órgão de renascimento que permite penetrar no mais profundo do ser humano e descobrir a verdade eterna de sua natureza. A alma do homem é um pensamento de Deus.

"Do Espírito das Coisas" 
Nesse livro o autor declara que o homem, criado à semelhança de Deus, pode penetrar no seio do Ser que está oculto por toda a Criação e que graças a sua clara visão interior, ele é capaz de ver e reconhecer as verdades de Deus depositada na Natureza. A luz interior é um reflexo que ilumina as formas.

"O Ministério do Homem Espírito" 
Aqui o Filósofo Desconhecido completa todas as indicações precedentes, apresentando um objetivo que não é diferente, qual seja, o da ascensão de uma alta montanha. O homem escala impelido por uma necessidade interior e no antegozo da vitória, que traz a liberdade após tribulações e sofrimentos. É a volta do filho pródigo ao Pai, sempre cheia de caridade e perdão. Isso é alcançar a unidade perfeita com Ele: "O Pai e eu somos um".

"Dos Números" 
Trata-se de urna obra inacabada, mas contém muitas indicações importantes que não poderiam ser encontradas em outra parte. Ele analisou os números de um ponto de vista metafísico e místico. Nos números encontrou uma confirmação da queda e do renascimento do homem.

"O Crocodilo" 
Descreve , através de um poema épico de 102 cantos, a maneira como o mal se insinua nas coisas sagradas e com perfídia ele destila seu veneno para destruir aqueles que são cegos e insensíveis. Mas o mal dispõe de um tempo limitado e pode ser facilmente reconhecido por sinais discerníveis; não pode iludir aqueles que tem a visão da consciência, que observa, e são cavalheiros de nobres desígnios.

"Nova Revelação" 
Saint-Martin trata nessa obra do livre-arbítrio. o homem pode alcançar toda a verdade pelo conhecimento de sua própria natureza mediante todas as aptidões que ele tem: físicas, intelectuais e espirituais. Deve compreender profundamente a ligação que existe entre sua consciência e seu livre-arbítrio.

Nas obras póstumas do Filósofo Desconhecido foram publicados certos escritos curtos de sua autoria, dentre os quais são destaques: "Pensamentos Escolhidos, numerosos fragmentos éticos e filosóficos, poesias incluindo "o Cemitério de Amboise", "Estrofe Sobre a Origem e o Destino do Homem", além de meditações e preces. 

Louis-Claude de Saint-Martin era um cavalheiro empenhado na busca da luz. Foi reconhecido como um dos maiores místicos da França, mas a obra de sua vida não se limitou às coisas que escreveu. Toda a sua existência foi dedicada à ideia de um grande renascimento da humanidade e ele desencadeou um eco profundo, não somente na França mas também no Oeste e no Leste da Europa.

S.I.

O Cristograma de Constantino


O Cristograma de Constantino

O lábaro (labarum, em latim) de Constantino é um cristograma de Jesus Cristo, do qual existem diversas formas. É formado a partir das letras gregas.

O Imperador Romano Constantino I (no poder 306-337) criou um novo padrão militar para ser exibido juntamente com o seu exército, este símbolo apresenta as primeiras duas letras gregas da palavra Cristo que veio a ser conhecido como o lábaro.

A etimologia da palavra antes de ser usada por Constantino não é clara. De acordo com Lactâncio, Constantino sonhou com este emblema e uma voz dizendo "Neste sinal conquistarás" (In hoc signo vinces). Ao acordar ordenou aos seus soldados que pusessem o emblema nos seus escudos; nesse mesmo dia lutaram contra as tropas de Magêncio e ganharam a Batalha da Ponte Mílvia (312), fora de Roma.

A mitologia discorda caracteristicamente nos detalhes, mas em todos os casos os detalhes são importantes, nunca ao acaso. Escrevendo em grego, Eusébio de Cesareia (falece 339), o bispo que escreveu a primeira história geral sobrevivente das primeiras igrejas cristãs, deu duas versões adicionais da famosa visão de Constantino:

  • De acordo com a Historia ecclesiae ("História da Igreja"), o Imperador viu a visão na Gália a caminho de Roma, muito antes da batalha com Magêncio: a expressão como é dada foi "Nisto, vence!".
  • Numa posterior memória hagiográfica do Imperador que Eusébio escreveu depois da morte de Constantino ("Na Vida de Constantino" 337-339), a visão miraculosa viera quando os exércitos rivais se encontraram na Ponte Mílvia. Nesta versão posterior, o Imperador ponderara a questão lógica de infortúnios que caem sobre exércitos que invocam a ajuda de diversos deuses diferentes, e decidiu procurar ajuda divina na batalha que se avizinhava no Único Deus. Ao meio-dia Constantino viu uma cruz de luz sobre o Sol. Junto a ela vinha o dito In hoc signo vinces. Não só Constantino, mas todo o exército vira o milagre. O moderno biógrafo de Constantino, o historiador Ramsey MacCullen, comenta: "Se o escrito no céu foi visto por 40.000 homens, o verdadeiro milagre cai no inquebrável silêncio desses mesmos sobre tal acontecimento" (Constantino, 1969). Nessa noite Cristo aparecera ao Imperador num sonho e dissera-lhe que fizesse uma réplica do sinal que tivera visto no céu, que seria uma defesa concreta na batalha. Assim, o elemento do milagre público reinforça o elemento do sonho privado.

O controverso geólogo sueco Jens Ormo sugere que o segundo acontecimento tem as suas origens no facto de Constantino ter testemunhado a nuvem em forma de cogumelo provocada pelo impacto do meteorito que acredita ter resultado na cratera de Sirente situada no Parque Regional de Sirente-Velino, Abruzzo, Itália. Esta teoria, que não é apoiada pelos principais historiadores, vai contra os mesmos problemas da teoria "milagrosa" - o facto de uma gigantesca nuvem em forma de cogumelo teria sido notada e comentada por muitas pessoas. 

Além disso, é difícil perceber como poderia ter sido confundida com um símbolo Lábaro. A teoria de Ormo anda lado-a-lado com uma longa linha de tentativas pseudo-científicas para encontrar explicações racionais de visões e milagres, tal como as escrituras de Velikovsky.

Na arte medieval, o tema do lábaro é incerto pela sua ausência, aparecendo de repente na Renascença e nos períodos clássicos, onde a expressão é frequentemente mostrada escrita no céu.

Eusébio poderá ter achado que o sonho mitema por si só precisaria de um reinforço. Sobre o milagre, escreveu em Vita que o próprio Constantino lhe teria contado esta história "e confirmou-o com juramentos," mais tarde "quando fui considerado merecedor do seu reconhecimento e de sua companhia". "Exactamente," diz Eusébio, "tivesse outro que não ele contado esta história, não teria sido fácil de aceitá-la."

Entre os muitos soldados referidos no Arco de Constantino, que foi erigido apenas três anos depois da batalha, o lábaro não aparece, nem há qualquer pista da afirmação miraculosa de protecção divina que tivera sido testemunhada, nem com Eusébio, entre outros tantos. Uma grande oportunidade para o tipo de propaganda política onde o Arco teria sido expressamente construído se na história de Eusébio se pudesse confiar. A sua inscrição diz, na realidade, que o Imperador salvara a res publica INSTINCTU DIVINITATIS MENTIS MAGNITUDINE ("por instinto divino e por grandiosidade de mente"). 

Que divindade não é identificada, apesar de Deus Sol Invicto (também identificado por Apolo ou Mitra) estar inscrito na cunhagem de Constantino por esta altura.

Na sua Historia Ecclesiae Eusébio continua, dizendo que, depois da sua entrada vitoriosa em Roma, Constantino erigiu uma estátua de si, "segurando o sinal do Salvador (a cruz) na sua mão direita.". Não há quaisquer outros relatos a confirmar tal monumento.

Desde então tem sido interpretado por cristãos por todo o mundo como um símbolo de cristandade. Porque é composto pela combinação chi e ró é por vezes referido como o "monograma de Cristo". Cristãos Protestantes, especialmente os Restauracionistas, rejeitam o seu uso por acreditarem ser de origens pagãs - especificamente, um símbolo do deus sol - e pela falta de uso dos primeiros cristãos, apesar de estar já em grande uso por cristãos do século III, maioritariamente em sarcófagos.

A interpretação do seu uso como um símbolo especificamente cristão é, no entanto, reforçado pelo facto de Juliano, O Apóstata, o ter removido da sua insígnia e tê-lo restaurado para uso dos seus sucessores cristãos.

Fonte: Hermanubis

AS LEIS ESPIRITUAIS


(...) O Conhecimento de leis relacionadas à natureza espiritual é uma coisa, e o conhecimento de leis e ordem e de alianças dos homens, outra.

As leis dos homens variam, como sombras, mas as leis espirituais são imutáveis, todas as coisas são inatas a elas desde sua primeira emanação".


A VERDADEIRA E A FALSA CASA DE NASCIMENTO DE L-C DE SAINT MARTIN


A VERDADEIRA E A FALSA CASA DE NASCIMENTO DE L-C DE SAINT MARTIN

Autor: Xavier Cuvelier-Roy
Tradução: Ir. Tácitus

O turista desavisado é surpreendido entre uma centena de metros de distância, com duas casas onde nasceu L-C de Saint Martin: a primeira situada à 16/18, praça Rrichelieu, e a segunda à rua Rebelais.

Vamos nos focar nesta primeira.


 
A verdadeira casa na Praça Richelieu e a falsa casa à rua Rebelais

Em 25 de agosto de 1946, os “Amigos de Saint-Martin [1]”, acompanhados por mais de duas centenas de pessoas, reuniram-se nas mediações da Bakery Perchevis, acreditando de boa fé ser esse o local de nascimento do Filośofo Desconhecido. Durante a cerimônia uma placa comemorativa foi inaugurada (imagem 3), que está lá ainda hoje apesar de um questionamento colocando em dúvida alguns anos mais tarde.


Placa colocada em 25 de agosto de 1946. Financiada pelos direitos autorais do primeiro livre de Robert Amadou “Louis-Claude de Saint Martin e o Martiismo”, publicado pela Griffon d'or em 1946.

De fato, em outubro de 1977, Bernard-Pierre Girard, um jovem historiador de Amboise, forneceu provas de que a (placa da) casa inauguradaa em 1946, não estava correta. Consultando os registros de venda de uma residência situada à Praça Richelieu (chamada de Praça do Mercado no século XVIII), ele ficou surpreso ao ler nos registros, que o vendedor que vendeu esta casa para Nicolas Mores em 10 de janeiro de 1767 [2], não era outro senão o pai do Filósofo Desconhecido: Claude-François de Saint-Martin. Como o jovem historiador verificou, esta informação concordava perfeitamete com o que disse o próprio Saitnt – Martin em “Meu Retrato”:
“Aconteceu de eu dizer que às vezes eu pensava pouco em nossos pequenos deuses domésticos. Mas era uma distração, que escrevi sobre as ideias diferentes em meu tratado de admiração. Mas por outro lado, eu senti o oposto visitando Mr e Mrs Mores, ingleses, que ocupam a casa onde eu nasci, no Grande Mercado em Amboise. Eu senti uma sensação doce e tocante revendo lugares onde passei a minha infância, e que são marcados por mil circunstâncias interessantes da minha infância”[3].
Um pouco mais tarde, no mesmo texto, ele declarou:
“No início do Prairial Ano II da República, eu vim para ficar em um pequeno apartamento de um cidadão de Marne, na Praça do Grande Mercado em Amboise. Do jardim dessa casa, eu vi tudo próximo a mim da casa onde passei a minha infância. Eu vi o quarto onde eu nasci, onde eu vivi lá com o meu irmão até a idade de oito anos, onde ele terminou a sua carreira, uma onde o meu avô morreu, onde para além do que jardim está a colina onde as cinzas do meu pai estão enterradas. [4]”.
A casa na Rue Rabelais foi assim destronada! Imediatamente, Bernard-Pierre Girard escreveu a Robert Amadou para dizer-lhe a notícia. [5] O historiador do Martinismo, tendo visitado o local em Janeiro de 1978, só confirmou isso.


Assim, no mesmo ano, 26 de novembro de 1978, acompanhado por Michel Debré, prefeito de Amboise, Bernard-Pierre Girard, Robert Amadou, Roger Lecotté, entre outros, formalizaram a descoberta selando uma nova placa comemorativa [6].


Apesar disso, a falsa casa de nascimento nascimento – atualmente um restaurante onde sinaliza de Saint-Martin - manteve a placa revelada em 1946, criando confusão nas mentes de muitos turistas. Acrescentando que, se a casa não é o local de nascimento do Filósofo Desconhecido, ainda é uma das mais belas e antigas casas de Amboise, com sua estrutura de madeira e tijolos.



(Acima: Robert Amadou e à sua direita, Bernard-Pierre Girard, durante a recepção na Câmara Municipal de Amboise que se seguiu à cerimônia em primeiro plano, à esquerda, Michel Debré, o prefeito da cidade, o. mais à direita Roger Lecotté.)

Xavier Cuvelier-Roy
Tradução do francês Ir. Tácitus

Notas:
  1. Associação fundada em 11 de setembro de 1945, para estudar o pensamento do Filósofo Desconhecido fora de qualquer cadeia iniciática, por Paul Laugénie de Saint-Yves, Edouard Gesta e Robert Amadou, tesoureiro e da Comissão de Honra, Raymond Bayer, Octave Béliard, André Billy, Mario Meunier, Jean Paulhan et Roland de Renéville.
  2. Ele se estabeleceu à rua dos Minimes. Para o registro, observe que seu filho, Louis-Claude, que tem 25 anos, depois de dois anos, é sub-tenente granadeiro regimento de Foix.
  3. Meu Retrato Histórico e Filosófico”, Paris, Julliard, 1961, n° 349 p. 180.
  4. Mon Portrait... op. cit. n° 454 p. 232). Seu irmão François morre em maio de 1750, e seu avô materno, François Tournyer, em 23 de fevereiro de 1746.
  5. Bernard-Pierre Girard a rapporté sa découverte dans un article très documenté publié en 1978 dans le Bulletin de la Société archéologique de Touraine (p. 791-802).
  6. Robert Amadou a résumé les différents épisodes de cette aventure dans des articles publiés dans les revues : L'Initiation, n° 4, 1978 ; n° 1, 1979 ; L'Esprit des choses, n° 6, 1993, p. 120-139 et Chroniques d'histoire maçonnique (IDERM), n° 46-47, 1993, p. 88-90.
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